Um olhar sobre o Movimento Cabaçal

Um olhar sobre o Movimento Cabaçal

O Movimento Cabaçal iniciou em 2001, encabeçado por jovens cearenses da zona urbana do Ceará, tendo como proposta fundamental a valorização da cultura regional nordestina. Uma de suas características principais seria a utilização de instrumentos e ritmos provenientes de bandas cabaçais , como o pífano, a zabumba, as sanfonas e as alfaias, aliados a sons e instrumentos do universo pop rock situados na cultura contemporânea, como guitarras, baixos e baterias, procuram realizar essa mistura na tentativa de aliar o "tradicional" ao "moderno". Deste Movimento participam quatro bandas principais: Dzefinha de Itapipoca, Dr. Raiz de Juazeiro do Norte e, Jumentaparida e Soul Zé de Fortaleza, estas quatro bandas destacam-se devido a seu engajamento maior em termos de articulação de shows.

Esta junção, do tradicional com a modernidade, originará formações híbridas de idéias, valores e manifestações culturais. O hibridismo presente na proposta das bandas que escolhi para pesquisar representa uma nova lógica cultural de tradução, onde a tradução e a tradição são combinadas de diversas formas.

A referência à tradição representa um outro elemento criticado pelo Movimento Cabaçal, segundo Hobsbawn (2002), este termo tem um sentido amplo, o qual inclui tanto as tradições realmente inventadas construídas e institucionalizadas, como aquelas que surgem de uma maneira mais difícil de se localizar no tempo, num período limitado, mas que se estabelece com enorme rapidez. Representando assim uma continuidade artificial, pois são repetições quase que obrigatórias a um passado.

Os integrantes das bandas a que me proponho a estudar, trazem à tona uma "nova" forma de ver a cultura nordestina, como algo em constante mutação, utilizando uma visão bastante parecida com alguns autores da modernidade que não empregam mais o termo "identidade", e sim "identificação" para se remeter a este processo, pois não representa algo estático, mas em constante mutação.